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Amigo da onça.
“Espaço-tempo
Quero-te mesmo,
amor, na ausência ou na presença,
com rumores de
sombra, alarde ou desafios.
―Dormir num chão
de luar à sombra de roseiras
ou sob os pirisais
na baixada dos rios...
Assim te amo e te
sei amando dia-a-dia,
acordada ou
dormindo o germinal segredo.
E te abraço sem
ter teu corpo ao meu, beijando
a saudade sem ser
de quem se tem sem medo.
Amo-te mesmo,
amor, no madrigal do tempo,
derrubando
androceus e gineceus se amando
nas pálpebras do
estio que o sono não acorda.
No teu dorso eu
descanso a caminhada enorme
que fiz pra te
encontrar ― lábios ardendo em busca
da tua noite azul
onde minh'alma dorme.
Amo-te mesmo,
amor. Se me vens ou te vais.
Sinto-te à flor da
pele e à superfície da água
que dessedenta o
bem que nos lava o mal.
Amo-te e não sei
quem és ― teu nome nem origem.
Só sei que és
homem são e me sabes mulher.
Que beleza este
amor sem pranto nem vertigem,
sem princípio nem
fim, nem dimensão sequer!”
(Adalcinda Camarão, poetisa de Belém - Pará - Amazônia)