domingo, 24 de julho de 2011

MAIS OU MENOS

Folha SP, 230711

"KÁTIA ABREU

De quintal a reserva legal

O Brasil prosperou, e já não é quintal; mas, como exportador de alimentos, tornou-se réu ambiental
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Hoje, o Brasil é o único grande produtor de alimentos a ter 61% de seu território intocado.
Não há nada semelhante no planeta, e os produtores brasileiros jamais postularam a redução dessa área de vegetação nativa, que, na Europa, é de -pasmem- 0,2% e nos Estados Unidos, de 23%, para citar apenas as duas regiões que sediam as ONGs que mais veemente pressão política e moral exercem sobre nossa produção rural.
O termo "reserva legal", que consta do Código Florestal, só existe aqui. É uma jabuticaba jurídica, que não agrega nenhuma função ambiental. Foi-nos imposta por essas ONGs, que não se mostram tão indignadas com a degradação ambiental em seus próprios países. Se "reserva legal" fosse unanimidade, não existiria só no Brasil.
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O que está em pauta é uma guerra pelo mercado de alimentos, em que o ambiente é mero pretexto.
Alguns nela embarcam de boa-fé, por inocência e desinformação; outros, de má-fé mesmo. Duvidam?
Pois leiam o relatório "Farms here, forest there" ("Fazendas aqui, florestas lá"), da Shari Fem, David Gardiner & Associados, publicado em dezembro do ano passado.
Já no título, diz-se o que se pretende: que o Brasil arque sozinho com o ônus ambiental, enquanto os Estados Unidos cuidam da produção de madeira e de alimentos.
O documento, disponível no site da ONG Union of Concerned Scientists, faz minucioso estudo sobre os ganhos dos setores agropecuário e madeireiro norte-americanos, se obtiverem o que o relatório propõe: produção, aqui (Estados Unidos); preservação, lá (florestas tropicais - Brasil).
..."
É a velha estória, eles querem que agente conserve para que eles continuem poluindo o planeta, a jogada do comércio de carbono, sai muito mais barato "comprar" florestas do que parar de ganhar muito mais dinheiro com a produção poluidora dos países mais ricos. O que eles pagam para nós não poluirmos é troco perto do que eles ganham poluindo. Mas se aprovarem o novo código florestal, a Região Amazônica vai virar deserto amazônico. A floresta em pé dá muito mais dinheiro.
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