quarta-feira, 27 de março de 2013

MUCHO MACHO

Com esse bando de meio homem e mulher macho a davor dos gays e defendendo a bixarada, é bom lembrar que são os homens que fazem o mundo girar.

ORGULHO

Tenha orgulho de ser homem, fique feliz com seu sexo. Não ouça os que dizem que os homens são redundantes – aqueles homens fracos e mulheres duronas. Quero ver se dirão que os homens são redundantes quando precisarem trocar o pneu, quando alguém entrar pela janela do quarto de madrugada ou quando estiver cuidando de um filho pequeno.

Ainda temos muito do que nos orgulhar – descendemos de guerreiros e artistas e todos os melhores chefs. Viemos dos mesmos cromossomos de Picasso e Muhammad Ali, George Custer e Geronimo. E, agora, podemos ficar mais orgulhosos do que nunca – trocamos fraldas tão bem quanto pneus. Caminhamos com a violência em nossos peitos – muito útil quando aquele homem entrar pela janela de madrugada e mesmo assim aprendemos a não ser consumidos por essa violência. Aprendemos a não levantar as nossas vozes, a cuidar ainda mais dos nossos filhos e ainda temos todas aquelas virtudes masculinas: coragem física, estoicismo, adaptabilidade. Só aqueles comedores de tofu poderiam desprezar esses valores.

Estamos indo bem. Ganhamos dinheiro quando precisamos. Fazemos o jantar se necessário. Se não sabemos tanto sobre lutas como os nossos avôs, pelo menos sabemos mais sobre sexo do que os nossos pais. E amamos as mulheres. Podemos ser iguais às mulheres e celebrar as nossas diferenças.

Precisamos acabar com aquela noção século XX de que devíamos nos desprezar. Por quê? Só homens que quase não são homens podem sentir todo esse ódio. Homens entram em edifícios em chamas, homens pegam os filhos na escola. Deixem que o orgulho floresça em seus corações. Aprendam a se amar. Tragam para casa o pão de cada dia e depois façam sanduíches sofisticados com ciabatta. Vocês abrem as portas para as mulheres, deixam que elas falem antes de vocês, que tenham um orgasmo antes de vocês. Tudo isso está certo, irmãos. Mas endireitem os ombros e parem de pedir desculpas por existirem. Ser homem é uma coisa gloriosa – ainda.

Pais, irmãos, filhos, maridos – era fácil a vida do homem antigo. Alguns anos de guerra e você já tinha provado o seu valor. Ninguém perguntava ao meu pai se ele se sentia redundante quando matava nazistas na Segunda Guerra Mundial.

É difícil provar para os homens fracos e às mulheres duronas que temos o direito de estar aqui, que somos importantes, que estamos vivos. Por isso nós provamos todos os dias.

Precisamos apenas nos lembrar de quem somos – as guerras que vencemos, as civilizações que criamos, os oceanos que navegamos, as saladinhas maravilhosas que inventamos – e começar a felicitar-nos por isso. Não precisamos de um movimento. Não perecêramos do equivalente masculino do feminismo, ou do Instituto da Mulher. Precisamos lembrar do que somos, e dos homens dos quais viemos.

(Tony Parsons é considerado um dos mais famosos autores britânicos desde o lançamento de Man and Boy, em 1999)