(continuação)
A partir daí passou a investigar profundamente o problema dos cartéis – acordos firmados por grandes corporações internacionais em todos os ramos da indústria, com o objetivo de repartir mercados, fixar a qualidade dos produtos e sustentar os preços, em outras palavras, para limitar a concorrência e evitar a queda das taxa média de lucro. E comprovou que, para tanto, essas honoráveis corporações, que propugnam pela chamada livre iniciativa, recorrem a todos os expedientes, tais como modesta indenização, privação de crédito, boicote, dumping (vendas abaixo do custo), etc. e chegam inclusive a utilizar o antigo método americano de empregar dinamite contra o concorrente.
A Ditadura dos cartéis que Kurt Rudolf Mirow escreveu, é, pois, um livro vivido de quem sofreu a realidade dos cartéis, principalmente nas última década caracterizada pela realização de objetivos econômicos bem definidos de um setor do empresariado, precisamente o setor estrangeiro, onde os gerentes norte-americanos e de outras origens, procuravam ajustar a superestrutura do país à força por eles adquirida com a desnacionalização da economia que acompanhou, que acompanhou o processo de industrialização e esmagou a incipiente burguesia brasileira.
Este livro de Mirow é um depoimento terrível, chocante, que mostra o grau de insegurança nacional a que o Brasil chegou, os cartéis internacionais dominando todos os setores da economia nacional e conduzindo o país a uma situação de completa insolvência, que se traduzia, em fins de 1976, num déficit na conta corrente no balanço de pagamentos superior (pelo terceiro ano) a US$ 6bilhões e uma dívida externa que já ultrapassava os US$ 30 bilhões.
Moniz Bandeira
Na orelha da 2ª edição, 1978."
Eu acho que foi assim que o Visconde de Mauá levou a breca e essas condições só tem piorado de lá pra cá.
