Foi no Estado de São Paulo que achei há dias um artigo de Euphon, sobre a mania de converter as ruas da cidade em porta-vozes das virtudes dos cidadãos, pondo a glorificação de cada um deles na placa de cada uma delas... Aqui, no Rio (porque tudo que é mau aqui costuma assumir proporções exageradas), a mania já não é mania: é delírio.
Agora, por exemplo, andamos todos empenhados em saber quem é o cidadão Júlio Cesar, a quem o conselho municipal acaba de conceder a honra de lhe pregar o nome na placa de já não sei que rua. E ninguém atina, pode ser que o homem seja o Júlio Cesar vencedor das Gálias, e pode ser que não passe de um Júlio Cesar pacato e bem comportado, incapaz de conquistas, pouco dado a amizades de Mitridates, e apenas recomendável à admiração da Posteridade pelo fato de ser compadre ou primo de qualquer conselheiro municipal...
O que se sabe e que Sebastianópolis é hoje uma espécie de lapidário do anonimato. De esquina em esquina, encontra a gente, uma lápide comemorativa, consagrada ao alto merecimento de um anônimo. Anônimo é uma maneira de dizer: cada um dos glorificados tem um nome, mas tem um nome que, para contrariar e desmoralizar uma das mais elementares regras da gramática, não é voz que de a conhecer pessoa nem coisa...
Desta deplorável mania resultam confusões nem sempre agradáveis. Esta, por exemplo:”
(Continua amanhã, espero...)
(O nome Mitrídates (em grego: Μιθριδάτης) é a forma grega do indo-ariano Mithra-Datt, que significa "alguém doado por Mitra". Mitra é o deus-sol indo-ariano e Datt (doado por) deriva do radical proto-indo-europeu da, "dar".
É o nome de um grande número de reis, soldados e estadistas na dinastia iraniana dos partos (ou arsácidas) e da realeza e nobreza da Anatólia. (wikipédia)