quinta-feira, 7 de novembro de 2013

OLAVO BILAC

“Diário do Rio 3 de dezembro de 1898

(continuação)

Tenho um amigo, que se chama, burguês e modestamente, Ladislau Pinto. Nunca quis ser conselheiro, municipal, não é comendador, não tem prédios, não tem influência política, não manda dizer pelos jornais aos amigos o dia em que faz anos, não sustenta irmandades, não dá contos de reis às casas de beneficências – é, em suma, um amigo da áurea mediocritas, ganhando 800 mil réis por mês , e gastando-os integral e conscienciosamente em sustentar a família.

Pois, a mais ou menos um ano, o conselho municipal deu a uma rua de qualquer bairro o nome de Rua Ladislau Pinto. Era com certeza outro Ladislau Pinto que não o meu. Mas todas as pessoas que conhecem o meu Ladislau Pinto entenderam que era a ele que se dava a honraria. E começou o meu Ladislau a ser felicitado na rua, em casa e no escritório. E a cada contestação que o pobre homem tentava fazer logo respondia um amigo “Deixe-se disso, Ladislau! és tu mesmo, Ladislau! não sejas modesto, Ladislau!

(continua amanhã, eu acho)