segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

CORAÇÃO E ALMA DE MÃE

“Nascer.

De onde vim eu? Onde me achaste tu?” perguntava o menino à sua mãe. E entre falando e rindo ela respondeu, apertand-o nos braços:

“tu estavas, como um desejo, escondido em meu coração; eras a boneca com que eu brincava em criança, e as lindas figuras de santas que em encantavam e que eu beijava, eras tu.

Estavas no mesmo altar do meu Deus. Adorando-o era a ti que eu adorava.

Vivias nas minhas esperanças, em tudo o que eu amava, em toda a minha vida.

Quando meu coração de moça desabrochava, como uma flor perfumosa, tu estavas lá dentro.

Teu corpo delicado floria dos meus membros virgens como o clarão da alvorada, antes do despertar do Sol.

Predileto vindo do céu, gêmeo da luz matutina, tu flutuavas na corrente da vida universal e vieste enfim parar neste coração.

Enquanto contemplo teu rosto eu me afundo no mistério: tu pertences a tudo o que se tornou meu.

Pelo terror de perder-te, eu te aperto contra o meu seio.

Que milagre permitiu à minha fraqueza o poder prender-te em meus braços, tesouro meu?”

(Raubindranath Tagore)