terça-feira, 23 de agosto de 2016

CAPITAL DAS LIXEIRAS

(Cabano, Brasília, 081014, 18:45h)


Os vândalos de BRasília.

(Cabano, 011014, 18:34)


28/MAR/2008

“CONVERSAVA-SE ASSIM EM JANEIRO DE 92

-- Você esta vendo esses 80 intelectuais que estão indo à Cuba em vôo de solidariedade?

-– Intelectual nada, ali só tem uns três conhecidos, os demais são turistas políticos.

-- O pior é que Fidel resolveu fuzilar aquele opositor logo agora, complicando a questão dos direitos humanos junto às esquerdas.

-- O Betinho disse que não vai porque lá, Fidel confinou os aidéticos.

-- Achei legal o que o Chico Buarque falou: está indo para ajudar o povo cubano e não para dar força a Fidel (Cabano: quas, quas, quas).

-- Mas dá para separar uma coisa da outra?

-- O que está me espantando é que certos intelectuais, que pareciam tão mansinhos, estão a favor da pena de morte em Cuba.

-- Acho que o Chico Caruso deveria fazer uma charge sobre isso: Fidel com um fuzil coberto de flores apontado para a vítima no paredon e escrita a frase do Che: “Hay que endurecer pero sin perder la ternura”.

-- É, matar com flores fica mais suave.

-- “Os inimigos não mandam flores”.

-- “Te gustan las flores? Mañana las tendrás”.

-- Tá complicado.

-- Se está! A Suíça já não é mais aquela, dizem que está acabando.

-- Acho isto mais grave, aliás, que o fim da Rússia. O império soviético todo mundo sabia que um dia ia acabar, mas a Suíça?!

-- E o Canadá? Está com um milhão de crianças passando fome e uma reportagem que vi outro dia sobre pobres dormindo nas ruas de Washington me pareceu coisa do Rio.

-- E o mais surpreendente é que o antigo Eixo, Alemanha, Itália e Japão, está numa ótima.

-- Os outros ganharam a guerra, eles ganharam a paz.

-- Já pensou se aparece um historiador por aí contando, de outro ponto de vista, as razões da Segunda Guerra Mundial, e acaba demonstrando que foi tudo uma armação dos Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia, porque já não agüentavam a concorrência dos japoneses, alemães e italianos?

-- Mas pelo menos essa semana, depois de séculos, o FMI liberou mais de US$ 2 bi para o Brasil. Dizem que agora o Brasil voltou à comunidade financeira internacional.

-- E está todo mundo feliz. Se fosse nos anos 50 ou 60, a UNE e a esquerda estariam nas ruas protestando. Iriam para a frente da Embaixada Americana, gritariam slogans, etc.

-- Agora mudou tudo. Os paises encalacrados estão todos rogando pelo dinheiro do FMI, ninguém que mais expulsar o capital estrangeiro, ao contrário, trata-se de seduzi-lo.

-- É verdade. Estão lá os soviéticos implorando: capitalistas de todo o mundo, uni-vos! Para salvar a Rússia.

-- É sempre assim: morreu o oponente, o outro ficou desnorteado, perdeu sua função.

-- O Bush está baixíssimo na cotação para a próxima eleição.

-- É isso aí, companheiro. A Historia é uma loucura, como diria o camarada William.

-- Que camarada?

-- O William Shakespeare; aquela coisa de ele dizer que a historia do homem não passa de sons furiosos emitidos por um idiota significando nada.

-- Pior é aqui no Brasil.

-- Pior e melhor, depende.

-- Uns dizem que o governo Collor acabou, outros dizem que agora é que ele está começando.

-- Você está falando de loucura? Loucura é isto: primeiro ele trouxe os esquerdecos, aquela turma da Zélia.

-- É verdade, muitos deles andaram na resistência aos militares na década de 70.

-- Pois é, eles foram um fracasso. Muito bonitinhos, novinhos, idealistazinhos, mas não deu.

-- Sentindo que eles não seguravam a barra, Collor começou a seduzir os tucanos. Não teve jeito, tucano gosta é da oposição, não do governo (Cabano: quas, quas, quas).

-- Aí, isolado, o poder acabou caindo nos braços do PFL.

-- É verdade, mas nem por isto.

-- O negócio é o seguinte: político como tudo o mais, é coisa de profissional. Não adianta colocar lá em cima um bando de colegiais idealistas, parecendo diretório acadêmico, na hora do pega pra capar a coisa é outra.

-- Mas você não acha que os tais “profissionais” é que levaram o país onde ele está?

-- Dizem que se o parlamentarismo fosse instalado hoje, o Antônio Carlos Magalhães ou o Sarney seria primeiro-ministro.

-- Coisas da política, companheiro. Há que manter a ternura sem endurecer completamente.“

(Afonso Romano de Sant’Anna, 02/FEV/1992, jornal O LIBERAL, charge de Jorge Laurent).