segunda-feira, 22 de agosto de 2016

JUCA PIRAMA

“I-Juca-Pirama

X

Um velho Timbira, coberto de glória,/ Guardou a memória/ Do moço guerreiro, do velho Tupi!/ E à noite, nas tabas, se alguém duvidava/ Do que ele contava,/ Dizia prudente: - "Meninos, eu vi!/ "Eu vi o brioso no largo terreiro/ Cantar prisioneiro/ Seu canto de morte, que nunca esqueci:/ Valente, como era, chorou sem ter pejo;/ Parece que o vejo,/ Que o tenho nest'hora diante de mi./ "Eu disse comigo: Que infâmia d'escravo!/ Pois não, era um bravo;/ Valente e brioso, como ele, não vi!/ E à fé que vos digo: parece-me encanto/ Que quem chorou tanto,/ Tivesse a coragem que tinha o Tupi!"/ Assim o Timbira, coberto de glória,/ Guardava a memória/ Do moço guerreiro, do velho Tupi./ E à noite nas tabas, se alguém duvidava/ Do que ele contava,/ Tornava prudente: "Meninos, eu vi!".

Gonçalves Dias”


Friedrich Wilhelm Nietzsche.