“Quando não sei o que fazer, eu, Lasteña Hortas, procuro o conselho de Hartmut. Fiz exatamente isso quatro dias atas, quando recebi um fax de meu irmão, Rodrigues, que mora no Recife, pedindo da minha ajuda. O falecimento de sua esposa, Helena, tinha deixado preencher o vazio. Mas eu me sentia indecisa, o que explica meu pedido a Hartmut.
Quem é Hartmut e o que habilita a me dar conselho? A resposta me alegra. Ele é um filósofo alemão que veio tenta a vida num país tropical. Gostou da América Latina e resolveu ficar. Tem mais: dos meus amantes, Hartmurt é o único que se tornou um amigo verdadeiro após o rompimento.
Um filósofo alemão disposto a me ouvir e a dar conselho, vejam só! E foi isso que Hartmurt fez durante aqueles quatro dias. Havia dois fios alinhando seu argumento: o insólito e o difícil. Precisava, dizia ele, dar as boas-vindas a ambos. Minha família é um tanto curiosa. Se eu aceitasse o “convite” para ir a Recife, teria a oportunidade de viver o comum. Hartmut aconselhou:
- Melhor não deixar uma chance dessas escapar.
Uma experiência fora do usual vale ouro. Uma oportunidade está aí. Agarre-a e o proveito será seu.”
Confira a entrevista e conheça mais sobre o autor:
Novos Talentos: Servir na Marinha Britânica fez você conhecer vários lugares. No que isso influenciou para que você começasse a escrever?
John do Mato: Em Malta se fala 3 línguas: Árabe, Italiano, Inglês. Em 1956 no serviço Militar da Marinha Britânica a bordo de um navio no Porto de Valeta, eu observava o povo e isso me abriu oportunidades. Malta proporciona uma breve comparação com outros países bem diferentes como Inglaterra, Alemanha, Holanda, Estados Unidos ( e nós no Brasil!) Malta foi uma fonte de prazer que rompeu com o passado e abriu um futuro.
NT: De onde vem essa paixão por diversas culturas?
JM: De uma insatisfação com minha cultura britânica.
NT: Depois de tantos anos escrevendo, o que te incentivou a finalmente publicar um livro? JM: Finalmente fazer algo correto.
NT: Alguma coisa em especial na cultura brasileira se destaca com relação às outras culturas que você conheceu?
JM: Sim, a receptividade a tudo e a ausência de preconceito.
NT: De que forma você espera alcançar as pessoas através do seu livro?
JM: Oferecendo nova experiência de lugares, pessoas e situações.
NT: Quais são suas influencias literárias brasileiras e internacionais?
JM: Cite alguns autores. Meu herói é James Joyce. Quero mencionar também TS. Eliot, Emily Bronte, Charlotte Bronte, George Orwell, Virginia Wolf.
NT: O que os leitores podem esperar do seu livro?
JM: Algo inesperado, surpresas.
NT: Por que escolheu o Brasil como moradia oficial?
JM: Sinto-me em casa aqui.
“A CONCUBINA DO GURU E OUTROS CONTOS”, JOHN DO MATO
“A cultura da Ilha de Malta, permeada pelos costumes, crenças e histórias vindas da África, somada aos fascínios da herança mediterrânea, maravilharam o jovem John do Mato, que até então havia tido contato apenas com a cultura do norte da Europa, região onde nasceu. Mais tarde, após muitos anos, com sua vinda ao Brasil, a influência cultural africana e as marcas históricas da escravidão dos negros novamente surgiram diante de seus olhos, e daí foram direto para o papel por meio de seus manuscritos. A Concubina do Guru e outros contos é uma coletânea de textos que reflete essa cultura africana e a herança da escravidão, mas de uma maneira ímpar, por meio de histórias que trazem decepções amorosas, traições entre amantes, superação de traumas emocionais; o amor e a arte como formas de superação do despotismo e da histeria; personagens inconformados e rebeldes; o confronto entre o bem e o mal, mostrando o caráter praticamente insuperável das diferenças sociais e culturais; superação de dramas pessoais e manifestações do mal por meio da literatura e da poesia; e até mesmo discussões teológicas e filosóficas acerca da religiosidade contemporânea. A leitura deste livro será um mergulho sem igual num mundo de fantasia, inspirado na nossa realidade.”