terça-feira, 31 de dezembro de 2013

OURIVESARIA

‘Le poète est ciseleur,/ Le ciseleur est poète.’/ (Victor Hugo)

Profissão de fé

(Olavo Bilac)

“(…)

Invejo o ourives quando escrevo:/ Imito o amor/ Com que ele, em ouro, o alto relevo/ Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara/ A pedra firo/ : O alvo cristal, a pedra rara,/ O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me,/ Sobre o papel/ A pena, como em prata firme/ Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem,/ A ideia veste:/ Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem/ Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima/ A frase; e, enfim,/ No verso de ouro engasta a rima,/ Como um rubi

(...)”