Profissão de fé
(Olavo Bilac)
“(…)
Invejo o ourives quando escrevo:/ Imito o amor/ Com que ele, em ouro, o alto relevo/ Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara/ A pedra firo/ : O alvo cristal, a pedra rara,/ O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,/ Sobre o papel/ A pena, como em prata firme/ Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem,/ A ideia veste:/ Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem/ Azul-celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima/ A frase; e, enfim,/ No verso de ouro engasta a rima,/ Como um rubi
(...)”