terça-feira, 31 de dezembro de 2013

VERTER PRANTO

O corpo humano, o aparelho humano, secreta, excreta, uma série de nojices pelo anus, pênis, boca, narinas, ouvidos, pés, poros, olhos (remela), comprovando um projeto muito mal elaborado da Natureza, mas tem um fenômeno que me surpreende sempre que eu posso performar, é a matéria, a massa feita emoção ou o contrário, o sentimento transformado realidade: as lágrimas que brotam dessa fonte de luz e derrama no vale do rosto, na planície da face e projeta em cascata no ar, os olhos ficam alagados e transbordam em enxurrada.

Se todos compreendessem a maravilha do pranto, não sufocariam lágrimas, essa capacidade infinita de mutar algo do mais recôndito da alma em poesia. Os durões e duronas que tem vergonha ou medo de chorar, se compreendessem, compreenderiam o que tem perdido ao longo de tantos tempos quando abandonaram essa dádiva natural quando ainda criança, anjos, a fase mais sábia dos seres vivos. Vivos!

A lágrima é tão sublime, sensível, natureza e bela que, se um dia eu voltar a crer em deuses dos quais eu desisti na adolescência, será por causa.

A lágrima é sentimento em estado líquido.