Quando um bandido, um policial ou uma bala perdida - mais uma invenção tupirani - mata um ocupante de um carro particular, seja intencional ou por erro, todo mundo fica indignado e revoltado, mas quando se dá o inverso, um cidadão pedestre é assassinado por um carro até mesmo ao atravessar uma faixa a eles destinadas, o alarido é quase inaudível, o crime é igual na sua gravidade, muda apenas a arma utilizada para matar. O condutor do carro que mata na faixa é pior que o atirador. Seria justo os pedestres andarem armados para atirar nos motoristas que “tentam” atropela-los e mata-los na faixa? É uma ideia absurda e estapafúrdia, mas a primeira hipótese seria tentativa de homicídio e a segunda, defesa própria, embora tomando a lei nas próprias mão.
As condições do trânsito mostram essa realidade onde o maior passa por cima do menor: caminhão e ônibus passam por cima de todo mundo; o automóvel por cima da motocicleta e bicicleta e todos eles por cima do “cidadão de segunda classe”, o bípede. Nesse caso, eles são os quadrupedes emborrachados. O que acontece é que a sociedade criou uma cultura de endeusamento dos carros, é questão de estato, tanto pior que a propaganda das agências de publicidade para as montadoras é de quanto mais potência e consequente velocidade, melhor.
Castas da Índia? Aqui igualzinho, a maioria de quem tem carro se considera uma casta superior aos relés e mortais bípedes sem borracha. Com as agências de propaganda instigando o conceito de que possuir um carro é o máximo da realização social, mostrando gente bonita em ambientes “legais”, bonitos ou aventurescos, isso impregnou de tal forma na população que vai demorar a mudar para dar prioridade à outros tipos de veículos para locomoção urbana.
(tupirani: tupi+guarani)