As bebidas alcoólicas eliminam o verniz de civilização do cérebro do macaco pelado.
“Depressão e uso de bebidas alcoólicas
Um dos tópicos cada vez mais investigados na área do consumo de substâncias psicoativas é sua associação com outros distúrbios psiquiátricos. Uma das co-ocorrências que tem despertado grande interesse é a associação entre depressão e os problemas decorrentes do uso de álcool. Cada vez mais pesquisas têm sido realizadas na tentativa de compreender as causas desta associação.
Cada vez mais evidências têm sido criadas do que dificuldades em lidar com situações e emoções negativas estão associadas com os problemas decorrentes do uso de álcool. Estas evidências reforçam as hipóteses de que algumas pessoas tendem a usar o álcool como uma forma de fugir e/ou lidar com estes tipos de situações e emoções.
Em um estudo sobre o abuso do álcool por indivíduos adultos, pesquisadores concluíram que confiar nos efeitos das bebidas alcoólicas para aliviar ou lidar com situações e emoções negativas foi a variável que mostrou maior associação com o abuso de bebidas alcoólicas.
A presente pesquisa foi realizada com 424 pacientes com diagnóstico de depressão unipolar (ocorrência de um ou mais episódios depressivos de grau leve, moderado ou grave, sem episódios de mania) que foram comparados com 424 pessoas sem diagnóstico de depressão. Os dois grupos foram acompanhados por 10 anos com o objetivo de investigar a associação entre depressão e o uso de álcool para lidar com seus sintomas. Foram investigados, também, que outros fatores presentes na vida dos pacientes aumentavam o risco destes passarem a confiar no uso de álcool para lidar com seus sintomas depressivos.
Os autores concluíram que os pacientes deprimidos tendiam a consumir mais álcool para lidar com situações e emoções agraváveis do que as pessoas sem diagnóstico de depressão. Os fatores que aumentaram mais o risco dos pacientes se engajarem neste tipo de consumo de bebidas alcoólicas foram ocorrência de eventos negativos na vida e pouco apoio familiar.
Os autores enfatizaram que a importância destes dados está relacionada ao fato de que tanto para o tratamento do alcoolismo como da depressão os fatores lidados ao contexto de vida dos pacientes são importantes. Para pacientes deprimidos, o uso do álcool é um obstáculo ao sucesso do tratamento, para pacientes alcoolistas, a presença de sintomas depressivos é um fator de risco para recaídas, principalmente para aqueles que utilizam a álcool para lidar com as situações e emoções negativas. Os tratamentos devem incorporar estratégias que ajudem os pacientes a lidar com situações adversas da vida e incorporar a família como importante fonte de apoio emocional para os pacientes depressivos.”
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