terça-feira, 17 de junho de 2014

FAUNA ACULTURADA

Porra! Chega de malfeituras de vocês! Norte não é com M, é com F em seu sinônimo.

Numa das vezes que passei por Brasília quando ainda não morava aqui (argh!) desci do avião com uma daquelas revistas da companhia aérea onde tinha um artigo sobre a origem da Lambada que estava na moda e um tio meu (Noleto) me pediu a revista para mostrar para um amigo dele que afirmava ser a Lambada originada da Bahia, então eu dei a revista pra ele. Ou seja, até isso queriam tirar do Pará. Muito antes disso, fui na casa de uma senhora conhecida que morava num dos subúrbios de Belém e vi numa prateleira uma fileira de fitas K7 gravadas com merengue e todas as fitas tinham escrito: Lambada. É isso que é a Lambada, um merengão. De novo antes disso, morei nuns tempos de estudante, na casa desse tio Noleto, numa pequena vila, ele casado com uma irmã da mamãe, tia Marlene (já falecida) e os vizinhos da frente viviam tocando u'a música que era o merengue da Pachanga, sucesso da ocasião, houve um tempo que o merengue entrou na moda em Belém, me lembro até de um comentário de uma das filhas do Agenor da Jainete sobre merengue. Portanto, a Lambada é paraense, filha do Caribe, ali nas redondezas.

Nos eventos de atletismo levados no Manqueirão, o público paraense bate recordes de presença, incomparável a qualquer outra cidade do Brasil num exemplo e ensinamento de civilidade e cidadania para todo o Brasil. Ouviram “senhores” locutores e comentaristas? Ou só estão surdos para isso?

Foram os torcedor4es paraenses os primeiros a cantarem o hino nacional brasileiro num jogo da seleção, um coral uníssono (quase redundância) de milhares de vozes. O fato de ter acontecido num jogo amistoso, não diminui nem um pouco os méritos, pelo contrário valoriza. Porque só cantar junto em jogos oficiais? Nós cantamos em qualquer evento nacional, porque nosso patriotismo não é de ocasião, é constante.

O que está sendo questionado por alguns hipócritas é se foi jogo oficial ou não, isso não vem ao caso, é manipulação para não reconhecer algum valor da Amazônia. Há muito tempo que os jacarés não choram mais comendo arianos, as onças também faz tempo que retiraram os sulistas de sua cadeia alimentar, cardápio de bicho e os índios também já abandonaram o canibalismo e o corte de cabeças para encolher e amarrar penduradas na cintura a guia de escalpo que é coisa de índio yankie, os índios brasileiros penduravam logo era a cabeça inteira no cós da tanga, com cabeleira e tudo, só o tampo da peruca é coisa de índio maricon.


“Quem quiser venha ver/ Mas só um de cada vez/ Não queremos nossos jacarés tropeçando em vocês//

A culpa é da mentalidade/ Criada sobre a região/ Por que é que tanta gente teme?/ Norte não é com M/ Nossos índios não comem ninguém/ Agora é só Hambúrguer/ Por que ninguém nos leva a sério?/ Só o nosso minério//

Aqui a gente toma guaraná/ Quando não tem Coca-Cola/ Chega das coisas da terra/ Que o que é bom vem lá de fora/ Transformados até a alma/ sem cultura e opinião/ O nortista só queria fazer/ parte da Nação//

Ah! chega de malfeituras/ Ah! chega de tristes rimas/ Devolvam a nossa cultura!/ Queremos o Norte lá em cima!/ Por quê? Onde já se viu?/ Isso é Belém!/ Isso é Pará!/ Isso é Brasil!//

Quem quiser venha ver/ Mas só um de cada vez/ Não queremos nossos jacarés tropeçando em vocês”//

(trecho da música “Belém, Pará, Brasil”, Mosaico de Ravena)