terça-feira, 2 de dezembro de 2014

PRAIAS DO PARÁ

Praia do amor, ilha do Outeiro, Icoaracy, Belém, Pará, aMAZÔNIA. Nada a dever.

Praia do Cruzeiro, em Icoaracy, Belém, Pará, Amazônia. Nada a dever.


Quem lê sabe muito mais.

“31 de janeiro de 2001

Leio, logo existo

O mais polêmico dos críticos literários diz por que ainda se deve ler num mundo dominado pelas imagens.

Flávio Moura

Não falta quem considere o americano Harold Bloom, de 70 anos, o mais importante crítico literário em atividade. Autor de mais de vinte livros sobre literatura e professor há mais de quarenta anos – leciona nas universidades Yale e de Nova York –, ele é, no mínimo, uma figura polêmica. Sem pruridos em atacar seus pares acadêmicos, ele não se cansa de chamá-los de ressentidos e os acusa de estarem matando a literatura com a mania do politicamente correto. Ferrenho defensor dos "valores estéticos", Bloom autoproclamou-se guardião solitário da cultura clássica e exalta os grandes nomes da literatura mundial com uma energia admirável. No ambicioso O Cânone Ocidental, livro lançado há sete anos, ele mapeia o que há de fundamental na história da literatura do Ocidente. Com o controverso Shakespeare – A Invenção do Humano, defende a tese de que seríamos criaturas diferentes se o famoso dramaturgo inglês não houvesse existido. Agora Bloom quer ensinar a ler. É isso que faz no livro Como e Por que Ler (Editora Objetiva), que chega às livrarias do país nesta semana. De sua casa em New Haven, nos Estados Unidos, ele concedeu a seguinte entrevista a VEJA:

Veja – Por que ler?

Bloom – A informação está cada vez mais ao nosso alcance. Mas a sabedoria, que é o tipo mais precioso de conhecimento, essa só pode ser encontrada nos grandes autores da literatura. Esse é o primeiro motivo por que devemos ler. O segundo motivo é que todo bom pensamento, como já diziam os filósofos e os psicólogos, depende da memória. Não é possível pensar sem lembrar – e são os livros que ainda preservam a maior parte de nossa herança cultural. Finalmente, e este motivo está relacionado ao anterior, eu diria que uma democracia depende de pessoas capazes de pensar por si próprias. E ninguém faz isso sem ler. Veja – Como ler?

Bloom – Tente ler sem considerações políticas, compromissos ideológicos ou preconceitos. Para o livro que estou escrevendo agora, por exemplo, estou relendo a Divina Comédia, de Dante Alighieri, em italiano. Há certos moralismos em Dante que me irritam. Além disso, há seu compromisso com a visão de mundo católica, e eu não confio em nenhum tipo de religião institucionalizada. Mas, ao lê-lo, procuro me manter aberto. O frescor da língua e a força das metáforas me obrigam a deixar todas as minhas opiniões de lado e me render à força daquele texto. É assim que se deve ler.”

http://veja.abril.com.br/310101/entrevista.html